O conhecimento de um dado Território é a condição essencial para que haja um aproveitamento pleno dos seus recursos.No entanto torna-se necessário que a informação acerca desse mesmo território seja balizada por um sistema que alie a fácil apreensão da informação aí contida, à existência de uma estrutura hierarquizada com vários níveis de pormenor. A informação-base de um determinado território é representada, dentro de um sistema de informação geográfico, em mapas ou cartas temáticas. A representação de aspectos geológicos sobre uma base cartográfica é feita com recurso a Métodos e Técnicas de Cartografia Geológica. As cartas geológicas são documentos de síntese da informação da Geologia de um determinado Território. Para que tal documento seja elaborado é necessário, porém, proceder à recolha da informação no terreno- os levantamentos geológicos. Dada a vastidão de aspectos geológicos passíveis de representação cartográfica, também as cartas resultantes podem ser agrupadas segundo o seu domínio de aplicação ou interesse (Temas). De facto, sobre e sob um mesmo fundo topográfico existe uma enorme variedade de temas a representar, desde a Hidrogeologia aos recursos mineiros, desde a geotecnia à geofísica, enfim, um sem-número de possibilidades e todas elas com particular interesse no que ao Planeamento e Ordenamento do Território diz respeito.
Tomemos como exemplo o Território Minho (Distritos de Braga e Viana do Castelo) e algumas das suas particularidades. Se atentarmos às suas 200 ocorrências minerais registadas (Braga=99; Viana=101), dentro das quais se destacam ocorrências de Ouro e Prata, Volfrâmio, Nióbio, Tântalo e demais minerais industriais, face ao número de minas activas podemos notar que existe algum potencial desaproveitado dentro do Território. Outro exemplo pode ser dado pelas 8 ocorrências de água Termal (Braga=6; Viana=2), face à sua exploração económica e turística. Neste caso o potencial do território apenas está levemente aflorado, face à complexidade da sua Geologia. A existência de um sistema de informação em que constem as faixas prospectivas (zonas com potencial) dos diferentes recursos geológicos de um determinado Território, é um instrumento crucial para o seu Ordenamento harmonioso. Não é possível aproveitar um recurso sem o conhecer. Paradoxalmente (ou não) é possível inviabilizar o seu aproveitamento se o mesmo não for conhecido. Também no planeamento urbano, o desconhecimento das características geotécnicas do substrato rochoso pode influir negativamente, onerando tanto o sector público como privado em soluções de remediação pouco satisfatórias.
O Território Minho, particularmente as bacias do Cávado e do Lima, dadas as suas características geológicas e de ocupação do Território presta-se a que um planeamento menos cuidado (ausência de cobertura cartográfica-geológica de pormenor) leve à perda de muitas oportunidades de desenvolvimento.
Geólogo e sócio-gerente da Sinergeo