Qualquer geólogo que desenvolva a sua actividade no domínio da hidrogeologia de certeza que já ouviu estas afirmações:
“Preciso de água mas o ano vai seco e a chuva parece não querer vir tão cedo!”
“O meu furo não me dá a água que preciso.”
Ou então estas questões:
“Em que parte do meu terreno é que devo fazer um furo para ter água?”
“Qual é a quantidade de água que posso tirar do meu furo sem o esgotar?”
Estas questões são muitas vezes colocadas, especialmente em anos secos, tal como é o que estamos a atravessar. Algumas respostas a estas questões podem ser dadas através da prospecção de água subterrânea apoiada por métodos geofísicos.
A abordagem cartográfica inicia quase sempre a prospecção de água subterrânea. Através de técnicas de detecção remota e análise distanciada, conjugadas com cartografia geológica, é possível a definição de zonas propícias à existência de água subterrânea. Essas zonas muitas vezes correspondem a estruturas geológicas tais como falhas, zonas de cisalhamento, fracturas, filões, diques, soleiras etc.
Sob determinadas condições, a presença destas estruturas em profundidade pode permitir a formação de aquíferos, mais ou menos produtivos. No entanto, a informação obtida carece de confirmação em profundidade. Neste ponto, e com base nos resultados da abordagem cartográfica, ganha proeminência a prospecção geofísica, particularmente a electrorresistividade. O princípio de funcionamento da electrorresistividade é bastante simples e baseia-se numa propriedade física das rochas – a resistividade eléctrica.
A água, tem, face à maior parte dos materiais rochosos, uma baixa resistividade elétrica relativa. Com recurso a equipamento específico-resistivímetro e eléctrodos, é possível medir, em profundidade, a variação da resistividade eléctrica em profundidade. A imagem obtida-pseudosecção-corresponde a uma fatia do terreno em profundidade, onde pode ser observada a variação lateral e vertical da resistividade eléctrica. Os resultados obtidos devem sempre ser comparados com os dados obtidos pelo estudo cartográfico (detecção remota e análise distanciada + cartografia).
Deste modo é possível definir quais as zonas mais propícias à presença de água subterrânea.
Geólogo e sócio gerente da Sinergeo